Oficina tipográfica fundada pelos imigrantes alemães Heinrich Hennies e Theodor Hennies em 1891. A empresa passou por diferentes composições societárias, iniciando as atividades como “Hennies, Schulz e Cia.”, e alterando o nome para “Hennies & Winiger” em 1892, em virtude da sociedade com José Winiger, que deixou a empresa no ano seguinte. A empresa passou então a se chamar “Hennies & Irmãos,” tendo Heinrich e Theodor Hennies como únicos proprietários. Devido à entrada do sócio Heinz C. Hennies, em 1925 o nome da empresa foi alterado para “Hennies Irmãos & Cia.”. Em 1934, em virtude do falecimento de Theodor, foi admitida como sócia comanditária a viúva Maria Hennies e o sócio solidário Lodovico Carlos Hennies (também conhecido como “Ludwig”, filho de Heinrich), o que refletiu em nova mudança da nomenclatura para “Hennies & Cia.”. A empresa passou a ser uma Sociedade Limitada em 1963, momento em que se registram outros familiares como sócios, acrescendo a nomenclatura “Hennies & Cia. Ltda.”, que permaneceu em uso até o encerramento da empresa em 1992.
Os irmãos Hennies, então com cerca de 20 anos de idade, chegaram à Argentina em 1888, vindos de Bremen, na Alemanha, e pouco depois vieram para o Brasil. Durante os mais de cem anos de atividade, a empresa foi administrada por três gerações: os fundadores Heinrich e Theodor Hennies; os filhos de Heinrich —Gustavo, Lodovico e Waldemar Hennies—; e os filhos de Waldemar —Waldemar, Ludovico e Carlos Hennies.
Durante o tempo em que permaneceu ativa, a empresa se fixou em diversos logradouros da cidade de São Paulo. Iniciou na Rua dos Imigrantes, nº 48 (atual Rua José Paulino, Bairro Bom Retiro) onde permaneceu por quase dois anos, mudando em 1893 para a Rua da Esperança, nº 15 (atual Praça da Sé, Centro) e pouco depois para a Rua da Caixa D’Água, nº 1 C (atual Rua Barão de Paranapiacaba, Sé), com algumas variações de numerações como 1 D, 1 E e 1 F. Em 1906 a empresa se instalou em edifício próprio, sito à Rua do Riachuelo, nº 14 e 16 (numerações atualizadas para nº 86-90 em 1934, correspondente aos atuais nº 90-78) onde permaneceu até 1955. Há relatos e fotos da oficina com maquinário de encadernação e impressão funcionando no térreo, composição tipográfica no segundo andar e o setor de acabamentos no terceiro andar, com o transporte de materiais (tipos, chapas compostas para impressão, papéis, impressos) feitos por meio de um elevador manual. Uma filial da empresa, denominada “Papelaria Hennies & Cia.”, dedicada ao comércio de artigos de papelaria e tipografia, foi estabelecida em 1934 no número 90 da Rua Riachuelo, e permaneceu ativa até meados de 1995. A cidade cresceu, e, em 1955, a oficina tipográfica foi transferida da região central para o Bairro do Brás, fixando-se na Rua Maria Marcolina, nº 347, onde permaneceu até o encerramento das atividades.
Há registros de mais de 550 impressos assinados por esta oficina, localizados em acervos de São Paulo, Rio de Janeiro e outras localidades no Brasil e no exterior, destacando-se livros e periódicos que circularam na cidade de São Paulo, incluindo publicações voltadas a comunidades imigrantes em sete idiomas: português, alemão, italiano, francês, latim, letão e árabe. Atuaram como importadores de materiais gráficos, máquinas e tipos móveis, impressores, pautadores e encadernadores, sendo pioneiros na fabricação de cartões fantasia em alto-relevo do Brasil, tornando uma importante referência para a história da tipografia paulistana no século XX.
Os Hennies possuíam uma forte conexão com fornecedores de tipos e materiais gráficos da Alemanha. Anunciavam serem importadores de papéis e tintas, fornecedores de máquinas e utensilios para tipografia e litografia e eram representantes do fabricante de tintas e vernizes Dr. Lövinsohn & Co. de Berlin. O repertório de tipos é compativel com as fundidoras alemãs H. Berthold (Berlin), J. G. Schelter & Giesecke (Leipzig), D. Stempel A.G. (Frankfurt am Main), Schriftgiesserei Emil Gursch (Berlin), Schriftguß A.G. vorm. Brüder Butter (Dresden), entre outras identificadas como fornecedoras dos tipos utilizados pelos Hennies nos impressos. No Brasil, sabe-se que os Hennies adquiriram tipos provenientes da Funtimod após 1930.
[por Jade Samara Piaia]
Fontes:
CEMLA (Centro de Estudos Migratórios da América Latina). Disponível em <https://cemla.com/>. Acesso em 20/12/2019.
Entrevista: Entrevista com Sr. Waldemar Hennies, último proprietário da Tipografia Hennies. Campinas, 20/11/2018.
JUCESP (Junta Comercial do Estado de São Paulo). Disponível em <www.jucesponline.sp.gov.br>. Acesso em 04/02/2019.
Typographia Hennies Irmãos: onde é impresso o “Album Imperial”. Revista Album Imperial, Vol. 1, nº 24, 1906, p. 161. Acervo: Centro de Memória da Unicamp.
Rua dos Imigrantes, 48 (1891 a 1892)
1891 - Hennies, Schulz e Cia. (Typographia de) / 1892 - Hennies e Winiger (Typographia de)
Rua da Caixa d'Água, 1C (1893 a 1906)
Hennies & Irmãos (Typographia a Vapor de)
Rua da Esperança, 15 (1893 a 1893)
Hennies & Winiger (Typographia de) / Hennies & Irmãos (Typographia)
Rua Riachuelo, 14 e 16 / 86 e 90 (1905 a 1955)
1906-1925 - Hennies Irmãos (Typographia) / 1925-1934 - Hennies Irmãos & Comp.; Hennies Irmãos & Cia. (Typographia) nº 14 e 16 / 1934-1955 - Hennies & Cia. (Tipografia) nº 86 e 90 (atuais nº 90 e 78)
Rua Riachuelo, 14 e 16 / 86 e 90 (1930 a 1955)
[1930]-1995 - Papelaria Hennies & Cia. nº 90 (atual nº 90)
Rua Maria Marcolina, 347 (1955 a 1992)
Hennies & Cia. (Tipografia)
Jornal Comemorativo do Centro do Partido Operario, Obras Raras da Biblioteca Nacional RJ
Anno 1, N.1 - Junho 1894
Quarto Anno (último)
Anno I, N. 1
ornamentos, vinhetas, fios, máquinas e utensilios gráficos
Anno I, N. 1 e 11
1893-1894; 1893 Vol. 1 : N. 2-5 / 1894 Vol. 1 : N. 6-11
1906-APESP-Illustração do Brasil-a1-n6
nº 26 nº 28, consultados no APESP
1907-1909
Obras Raras, Biblioteca Nacional, RJ
sem data (data de publicação estimada após 1935)